
O tão aguardado "Esquadrão Suicida" acaba de perder o seu lugar naquela listinha de maiores estreias de agosto para garantir a sua presença no ranking de maiores decepções de 2016. O Purebreak já assistiu à produção, que chega às telonas nesta quinta-feira (4), e faz questão de deixar bem claro o que te aguarda quando as luzes do cinema se apagarem. Afinal, quem avisa amigo é!
Logo nos primeiros minutos de filme, se torna visível a dificuldade do diretor David Ayer em equilibrar a caótica apresentação dos personagens, em meio a uma suruba musical e diversos flashbacks mais do que dispensáveis. As estratégias usadas para introduzir as figuras à trama - que faz pouquíssimo jus às histórias em quadrinhos, diga-se de passagem - mais parecem uma solução encontrada para disfarçar a falta de criatividade de um roteiro muito mal amarrado do que qualquer outra coisa.
As cenas de ação, que poderiam facilmente ser uma carta na manga do longa-metragem, surgem sem aviso prévio em mínimos espaços de tempo e não conseguem mostrar a que vieram. É possível se distrair com uma mosquinha na cadeira ao lado e só então perceber que se trata de uma sequência explosiva, com pancadas para cá e tiros para lá. Muitas das vezes, inclusive, se esquece pelo que exatamente os mercenários estão lutando. Se é que, em algum momento, isso ficou claro para o público.
Assim como a missão dos "vilões" (você vai entender o porquê das aspas ao final das mais de duas horas de exibição), os personagens também não são desenvolvidos o suficiente e passam longe de convencer a audiência, salvo algumas exceções. Cara Delevingne, intérprete da Magia, por exemplo, parece tão desconfortável na pele da personagem quanto os espectadores em suas poltronas.
Para dizer que nem tudo está perdido, Margot Robbie e Viola Davis merecem o nosso reconhecimento. Como uma médica insana aprisionada a um relacionamento abusivo e uma líder indomável com sede de poder, respectivamente, as atrizes praticamente carregam o filme nas costas. Relevando, com muito esforço, a exagerada sexualização de Arlequina (Margot), as figuras roubam os holofotes de quem quer que cruze os seus caminhos, incluindo o polêmico Coringa de Jared Leto.
Personagem que, por sua vez, poderia muito bem ter ficado apenas na memória do público como os pontos altos das carreiras de Heath Ledger e Jack Nicholson. Não que Leto envergonhe no trabalho, mas, cá entre nós, a aparição do Palhaço do Crime no longa não passa de uma participação especial.
No final das contas, se as suas expectativas não incluem a transformação de malvados criminosos em pseudo mocinhos de moral duvidosa dispostos a se sacrificar por um grupo de pessoas que acabaram de conhecer, é melhor guardar o dinheiro do ingresso. Mas, caso a curiosidade seja maior que a sua sensatez, pelo menos "Esquadrão Suicida" pode servir como assunto naquela sua rodinha de amigos.