Denis Villeneuve passou anos completamente imerso em explorar novas áreas da ficção científica que permanecem à margem das convenções mais populares do cinema de gênero. Além de seus primeiros filmes interessantes e modestos e do excelente "Sicario" que lhe deu fama e prestígio internacional, sempre se manteve nas coordenadas da ficção científica: o sensacional "A Chegada" foi sua revelação, que ele aproveitou para sequenciar novas entradas de franquias de sucesso como "Duna" e "Blade Runner".
Mas antes de "A Chegada" e "Sicario", no mesmo ano em que filmou o também excelente "Prisioneiros", uma década atrás Villeneuve dirigiu (e roteirizou, com base no romance "O Homem Duplicado" de José Saramago) "Enemy", que pode ser acessado gratuitamente através da plataforma de streaming RTVE Play. Uma excelente (e econômica) oportunidade de mergulhar nos primeiros passos de um criador essencial.
A jornada de Denis Villeneuve: da margem à maestria em ficção científica
Nesta peculiar peça de fantasia sombria, conhecemos um professor de história que leva uma vida convencional. Um dia, ele descobre em um filme alguém que é exatamente igual a ele e decide encontrá-lo, desencadeando um terremoto de consequências imprevisíveis não só em sua vida, mas na de seu próprio sósia, um tema pelo qual o professor se torna obcecado a ponto de mudar radicalmente sua existência.
Um fabuloso Jake Gyllenhaal lidera este filme inquietante e com um final absolutamente indescritível, cuja simbologia críptica continua provocando acaloradas discussões na internet. De qualquer forma, é uma reflexão sobre a identidade e seus limites que deixa claro que Villeneuve já sabia como torcer os registros da ficção científica para se aprofundar em profundas reflexões sobre a condição humana.
