Por Victor Viana
Desculpa o Textão: entenda porque a luta contra a gordofobia não deve ser só sobre a busca pelo amor próprio
Desculpa o Textão: entenda porque a luta contra a gordofobia não deve ser só sobre a busca pelo amor próprio
É comum ver debates sobre gordofobia sempre em torno do amor próprio e busca pela autoestima. O que é fundamental, já que pessoas gordas aprendem desde cedo a não gostarem de ver o que é refletido no espelho. No entanto, precisamos lembrar que não é só sobre isso a luta e que há outras questões muito urgentes.

Quando o assunto é a luta contra gordofobia, é normal associarem essa pauta a busca pelo amor próprio - tópico mais do que essencial. Afinal, assim como a população negra, pessoas gordas passam a vida inteira ouvindo que são feias e a construção de uma autoestima é fundamental para qualquer indivíduo. Porém, não é tudo. É muito importante que todas as minorias se sintam bem, mas quando temos um grupo que é marginalizado, achar que os problemas irão se resolver porque agora pessoas gordas conseguem se achar bonitas, é um pouco de ilusão. E é justamente sobre isso que iremos discutir no Desculpa o Textão desta semana.

Recentemente, a modelo e gordo-ativista Luana Carvalho fez uma thread sobre o assunto no Twitter e acabou viralizando bastante. Logo no começo, em caixa alta, Luana deixa claro que não acredita nessa história de que gordofobia é só sobre amor próprio. Para ela, vai muito além. Apesar de concordar sobre a importância de se ter uma autoestima alta, a ativista chama a atenção ao lembra que, se a sua maior dificuldade é se aceitar, você está sim em um lugar de privilégio. É necessário lembrar que a gordofobia é uma opressão estrutural. Ou seja, que faz parte do nosso sistema e nos afeta de várias formas diferentes.

Por exemplo: estar bem resolvido com o seu corpo não vai te impedir de ficar preso na catraca do ônibus. Achar roupas que cabem em você não te impede de não conseguir um emprego. Se sentir bonito não faz ninguém caber em uma poltrona de cinema. O que o Purebreak está querendo dizer é o seguinte: além de lutar pela busca de autoestima, precisamos entender que lutar contra gordofobia é também buscar por essas mudanças comuns que afetam a vida de todas as pessoas gordas.

Luana Carvalho traz outro destaque: a obesidade é caracterizada como doença e isso faz com que todas as pessoas gordas sejam vistas como doentes. E é justamente por isso que a maioria associa estar magro como estar saudável. E nós já sabemos que não é muito bem por aí, né? Para ela, esse estigma de "doença" só vai acabar quando entenderem que "nem todo obeso é gordo e nem todo gordo é obeso". Luana acredita que essa discussão é muito urgente quando falamos sobre gordofobia. Além da resinificação da palavra "gordo". Deu de achar que isso é ofensa, né? Assim como "magro" não é elogio. Resumindo, é preciso entender que a gordofobia é também um problema social. Não é só sobre reclamar por não conseguir achar uma calça que lhe sirva perfeitamente.

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