Por Beatriz Vianna
Caso de Mel Maia incita discussão sobre as noções distorcidas de empoderamento feminino
Caso de Mel Maia incita discussão sobre as noções distorcidas de empoderamento feminino
Até que ponto a exibição do corpo feminino na internet é empoderamento ou uma exposição perigosa? Uma publicação da Mel Maia em seu aniversário de 16 anos causou um alvoroço na internet e abriu a discussão sobre o assunto, sobretudo, quando este envolve meninas menores de idade e a cultura da pedofilia. O Purebreak conversou com uma socióloga, que pôde explicar as origens da questão e trazê-la para os tempos das redes sociais. Confira!

Se você conhece um pouco da história do feminismo, sabe que tudo o que as mulheres conquistaram ao longo dos últimos séculos foi fruto de muita luta. A liberdade sexual é uma delas bem como a consciência de que elas podem fazer o que quiser. Mas isso tem um preço à medida que é apropriada pela mídia e pelo imaginário masculino. A Mel Maia, que estreou em "Avenida Brasil" e no filme "Tudo Por Um Pop Star", foi vítima deste cenário. O caso repercutiu de tal maneira que incitou uma discussão muito importante sobre os limites da exposição do corpo feminino na internet, sobretudo, quando se é menor de idade. Conversamos com a socióloga Natália Oliveira sobre os pormenores da questão, que vai muito além de exibir o corpo adolescente como prova de amor próprio.

Entenda o caso Mel Maia

No último domingo (3), a atriz menor de idade postou um "lomotif" no Twitter com fotos de biquíni e vídeos "rebolando" para celebrar os 16 anos. Segundo os usuários da rede, estes conteúdos produzidos por ela foram parar em um site de pornografia. Depois dos comentários de outras mulheres, Mel Maia apagou a publicação, mas não entendeu tão bem o recado. "Não posso mais me amar que esse povo reclama", escreveu em seguida.

Mel Maia apaga lomotif de aniversário após polêmica
Mel Maia apaga lomotif de aniversário após polêmica

Muito além do "amor próprio": entenda as noções distorcidas de empoderamento feminino

Para a mestre em Sociologia e Antropologia, Natália Oliveira o assunto tem suas origens no fim da Idade Média, quando o controle do corpo feminino era fundamental para a construção de uma sociedade patriarcal capitalista. A socióloga citou a obra "O Calibã e a Bruxa", de Silvia Federici, que explica como tal fator era essencial para o funcionamento do sistema. "Esse, então, é o nascimento da objetificação e mercantilização dos corpos femininos que podemos observar na sociedade ocidental da atualidade. A sexualização da infância feminina faz parte desse 'pacote', que se apresenta na venda de produtos de beleza para meninas, mas também na prostituição e pornografia infantil".

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A ideia de que as mulheres são donas dos seus próprios corpos se fortaleceu na chamada terceira onda do movimento feminista, como lembrou a socióloga. De acordo com ela, as redes sociais têm um importante papel na profusão dessas ideias, assim como os outros meios de comunicação e até mesmo a publicidade, que vem absorvendo esse tipo de pauta. "Porém, e obviamente, esses meios não são capazes ou não têm interesse em aprofundar o debate", explicou. "A emancipação pode ser comprada? Obviamente não. Mas, nos é vendida a todo tempo a ideia de que é possível. A ideia, inclusive, de que se nos colocarmos 'à venda' - nas redes sociais e aplicativos - o valor pago comprará nossa emancipação. Porém, de fato, a mercantilização da mulher de forma alguma garantirá sua emancipação. Muito pelo contrário", concluiu a professora.

O que podemos aprender com isso?

Tudo isso explica por que Mel Maia, você e outras meninas por aí pensam ou já pensaram que a exposição de seus corpos na internet é uma forma de empoderamento e emancipação. Quando, na real, é fruto de uma ideia distorcida pela mídia e vendida pela própria. Quem sai em vantagem nesta história? O público masculino e seus artefatos de controle dos corpos femininos.

Importante lembrar que o ponto aqui não é proibir meninas e mulheres de postar suas fotos de biquíni nas redes sociais. Afinal, sabemos que assédio não tem a ver com tamanho da roupa. Esse tipo de coisa que aconteceu com a atriz de 16 anos ou com qualquer outra pessoa poderia acontecer independente da roupa que está vestindo. A questão é refletirmos sobre o quanto consumimos uma visão distorcida do nosso próprio empoderamento. E somos vítimas disso.

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