Larissa Barros Redatora
A louca do K-Pop e música em geral, adoro saber tudo de novo que surge no mundo, de teorias da conspiração até o último modelo de celular. Aquariana raiz, adoro tudo que é diferentão e não faço nada sem uma trilha sonora para acompanhar.
A vencedora do Canneseries, "El Hijo Zurdo", é uma joia da ficção protagonizada por María León e dirigida por Rafael Cobos.

Já faz anos que a Espanha está entre as melhores quando falamos de séries. Nesse meio, a Movistar+ costuma ser a rainha. Como exemplo, uma pequena lista de ficções indispensáveis que nos deixou na última década: "Hierro", "Arde Madrid", "La Línea Invisible" e, mais recentemente, "Apagón". Todos títulos de excelente produção que não deixam nada a desejar perto de qualquer projeto "hollywoodiano".

Por isso, não foi surpresa que "El Hijo Zurdo" - que estreou na Movistar+ no dia 27 de abril - se tornou a melhor minissérie na seção Short Form de CANNESERIES. A criação de Rafael Cobos valia a pena e, embora nenhum crítico tenha perdido a estreia, receio que para alguns espectadores tenha passado despercebida, o que é um erro absoluto. "El Hijo Zurdo" é a série que todos deveríamos assistir este ano.

Conta a história de Lola, uma mulher que recebe uma ligação de que deve buscar seu filho na prisão porque se envolveu em uma agressão física a um imigrante. No início, não entende como seu filho pôde cometer esse ato. A quem culpar quando seu filho se afastou tanto de você que não o reconhece mais?

A série aos poucos nos envolve na vida de Lola e começamos a entender. Ela carrega sobre seus ombros um fardo pesadíssimo que sugou sua liberdade. Precisa cumprir as expectativas de sua família e o estigma de seus próprios problemas, vivendo assim enclausurada em uma realidade que não quer. O encarceramento de seu filho coloca em seu caminho Maru, mãe de um dos amigos dele, com quem ela estabelece um relacionamento que será sua salvação.

UMA LIÇÃO MAGISTRAL DE AUTOCONTROLE

"El Hijo Zurdo" foi apresentado como uma série sobre maternidade e identidade. Sem dúvida, o pilar aqui é a relação entre mãe e filho, mas entendida a partir do lado mais sombrio. Essa "não identidade" que predomina na protagonista, fruto de anos de situações sociais que acabaram por apagar tudo o que restava dela. E é a partir daí que surge toda a imperfeição que respingou em seu filho: a falta de conexão, de comunicação e de inteligência emocional que mancham a foto de família perfeita.

Um retrato cru de uma mulher que, mais do que uma mãe corajosa, é uma mãe destruída e completamente quebrada. A interpretação de María León é fundamental para fazer com que Lola seja um personagem crível. Ela dá vida com muita serenidade e a dose necessária de drama, sem cair no excesso. Ao seu lado está Tamara Casellas, cujo contraponto é o que faz tudo funcionar em equilíbrio.

Orquestrando tudo está Rafael Cobos. Ele trabalha há anos com Alberto Rodríguez, com quem estreou "La Peste" na Movistar+ em 2018. Agora ele se emancipa e lidera "El Hijo Zurdo" como diretor criativo, roteirista e diretor, juntamente com Paco R. Baños. Se junto com Rodríguez ele mostrou seu talento para a narração, em seu primeiro projeto solo ele confirma o quão bom contador de histórias ele é.

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