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O caso de racismo envolvendo os filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso deixou ainda mais claro um fato importante: a luta antirracista é assunto de todes nós - incluindo os brancos! Muitas vezes, inclusive, pessoas não pretas têm papéis importantes, partindo do privilégio e do espaço que têm e que ainda é negado para tantos outros. Confira 6 coisas que os brancos podem - e devem - fazer para ajudar no combate ao racismo.

Todo mundo está falando sobre o caso de racismo envolvendo Chissomo e Bless, filhos dos artistas Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, que aconteceu no último sábado (30). As crianças e uma família de angolanos ouviram uma série de ofensas de uma mulher em Portugal, o que gerou uma revolta - com toda a razão - dos pais, que a confrontaram e chamaram a polícia.

Infelizmente, esses casos não estão reservados aos países europeus e ainda são bem comuns no Brasil - país com 54% da população negra, de acordo com o IBGE, que exclui, humilha e mata pessoas pretas todos os dias.

Durante entrevista ao Fantástico, o casal falou sobre o seu papel, como pais brancos, na luta por um mundo melhor para os seus filhos: "Eu sei que eu, como mulher branca, indo lá confrontá-la, a minha fala vai ser validada. Eu não vou sair com a louca, a raivosa, como acontece com tantas outras mães pretas", afirmou Giovanna.

E não é só responsabilidade de Giovanna e Bruno, que tem filhos pretos, não! A luta antirracista deve ter participação ativa dos brancos e nós te listamos 6 formas com que as pessoas não pretas também podem fazer a sua parte.

1. Corrija "piadas" e comportamentos racistas

Ouviu uma "piada" racista ou sentiu que alguma pessoa negra está sendo tratada diferente? Fale e mostre sua indignação. A gente sabe que, dependendo de onde está vindo a ofensa, pode ser difícil enfrentar o racista, porém, a dificuldade das vítimas é ainda maior. Vale questionar a fala ou ação ofensiva, lembrar que o racismo é crime - previsto na Constituição, na Lei 7.716/1989 - ou simplesmente se manter ao lado da pessoa preta, mostrando o seu apoio.

E, pode parecer óbvio, mas nunca - nunca - ria de "piadas" racistas ou qualquer fala que destaque a raça de alguém de forma pejorativa. Como falamos, é crime e isso vale para quem acompanha esse tipo de "humor" também.

2. Entenda o seu privilégio

Você pode saber que o racismo é um problema gigante no Brasil, mas você tem, de fato, noção de como isso afeta pretos e pretas diariamente? Os negros, por exemplo, são minoria em cargos de liderança empresarial e política, mas, ao mesmo tempo, lideram as listas de vítimas de violência. Também é mais difícil encontrar produções de sucesso com pessoas negras protagonistas e a desigualdade salarial afeta, ainda mais, as mulheres pretas.

É preciso que a pessoa branca esteja ciente de todos os aspectos de sua vida que são favorecidos pelo simples fato de ter nascido com a pele com menos melanina. Por exemplo, andar na rua, entrar em uma loja, circular por um restaurante e competir por uma vaga de emprego são situações completamente diferentes dependendo da cor da sua pele. A partir do momento que você entende o seu privilégio de verdade, vai conseguir agir em prol das minorias políticas, que é constantemente inferiorizada e desvalorizada.

3. Consuma artistas e produtores pretes

A gente sabe que alguns dos maiores artistas do mundo são pretos: Beyoncé, Lil Nas X, Ludmilla, Iza... Mas, como branco, faça um exercício: analise a sua lista de cantores mais escutados no Spotify, veja os autores que costuma ler com mais frequência, pesquise quem são os diretores das séries e filmes que ama... Quantos deles são pretos? Se os artistas negros forem minoria na sua lista, isso não quer dizer que você é uma pessoa ruim, mas saiba que também não é coincidência. Toda a sociedade, principalmente os brancos, são incentivados a consumir outros brancos e entrar, sem nem perceber, em um ciclo extremamente limitado.

Por isso, faça um esforço consciente de mudar o seu hábito de consumo. Procure playlists de artistas pretos - de todo o mundo -, leia escritores não brancos, vá atrás de produções feitas por negros (a gente garante que tem muita gente além de Jordan Peele fazendo coisas incríveis por aí) e busque expandir a sua vivência cultural.

4. Vote consciente em 2022

Em 2 de outubro, o Brasil estará em processo de eleger os próximos governadores, senadores, deputados e, claro, o Presidente da República. Você, como branco, tem o dever de escolher candidatos que vão lutar por aqueles que precisam de mais espaço na política - mesmo que não seja a sua maior demanda pessoal. Afinal, um mundo em que mais pessoas tenham oportunidade e liberdade, é melhor para todes nós.

E vale lembrar que voto consciente não é apenas votar em candidatos e candidatas pretos, mas pesquisar suas propostas e os posicionamentos prévios daquela pessoa em relação à temas como racismo. O racismo não pode nunca ser relativizado ou menosprezado. Se algum político fez isso, é sinal de alerta que aquele candidato não vai representar a maioria da população.

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5. Saiba ouvir pessoas pretas

Mais do que consumir artistas pretes, é importante valorizar e ouvir o que as pessoas negras de seu círculo têm a dizer. Escute com atenção, coloque-se no lugar do outro - mesmo que seja impossível, como branco, entender o que é o racismo -, e nunca desmereça a fala alheia. Caso você discorde de algo dito, o mais indicado é buscar informação e estudar sobre o tema, já que, quando falamos de vivências pessoais, as chances de que você esteja errado são grandes.

E, apesar de ser o ponto mais fácil de entender, é um dos mais difíceis de ser colocado em prática. Ao mesmo tempo em que racismo é sim assunto dos brancos e que é missão dos todos participar da luta antirracista, você não é a vítima da situação. Ser taxado de racista ou ter uma fala tirada de contexto pode ser chato, mas não se compara ao que pretos e pretas vivem. Por isso, entenda o seu lugar e lembre-se que o foco é tornar o mundo melhor para o outro!

6. Vá atrás de informação por conta própria

Pessoas negras de todo o mundo já cansaram de ser biblioteca e professores particulares para brancos desinformados. Você deve correr atrás de informação, lendo sempre pesquisas, notícias e artigos sobre racismo. Para te ajudar nisso, separamos 8 livros que podem ajudar na hora de entender a dinâmica do racismo estrutural em nossa sociedade:

"O Pacto da Branquitude" - Cida Bento

"O Genocídio do negro brasileiro" - Abdias Nascimento

"Memórias da plantação" - Grada Kilomba

"Na Minha Pele" - Lázaro Ramos

"Homens pretos (não) choram" - Stefano Volp

"E eu não sou mulher?" - bell hooks

"Mulheres, raça e classe" - Angela Davis

"Pequeno Manual Antirracista" - Djamila Ribeiro

Ou seja, agora é só colocar em prática e fazer a sua parte! Lembre-se que não ser racista não te torna uma pessoa melhor, ok? É apenas sua função como ser humano decente - que não quer cometer um crime.

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