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Muitas vezes conseguimos tirar enredos das novelas e aplicar com o que acontece na vida real. Por isso, é tão comum que os roteiros falem de temáticas relevantes na sociedade - do racismo à LGBTQIAP+fobia. No caso de "Quanto Mais Vida Melhor", a dinâmica entre Paula (Giovanna Antonelli) e sua filha Ingrid (Nina Tomsic) tem muito a ensinar sobre a relação de pais e responsáveis com seus filhos. Confira!

Em "Quanto Mais Vida Melhor", Paula (Giovanna Antonelli) e sua filha Ingrid (Nina Tomsic) têm uma relação no mínimo conturbada. A empresária tem uma visão específica de como queria que sua filha agisse, se vestisse e se comportasse e a menina simplesmente não corresponde a esse padrão. Infelizmente, a situação de Ingrid é bem mais comum do que parece.

"Normalmente os adultos, independente de ser pai ou não, projetam muito nas crianças e nos adolescentes. A gente usa a nossa mente de uma forma equivocada, criando um parâmetro que corresponde à nossa expectativa - que é a projeção - e acha que aquilo é o certo. Tudo o que foge disso, é errado", explica a psicóloga Adriana Haffner.

Só que, como a própria profissional ressalta, não existe certo ou errado quando o assunto é identidade. E a pressão que muitos pais podem colocar em cima dos filhos é nociva e corre o risco de afetar todo o relacionamento familiar. Entenda como isso acontece e formas de lidar com a situação!

"Quanto Mais Vida Melhor": Ingrid (Nina Tomsic) acredita que sua mãe, Paula (Giovanna Antonelli), prefere Flávia (Valentina Herszage)
"Quanto Mais Vida Melhor": Ingrid (Nina Tomsic) acredita que sua mãe, Paula (Giovanna Antonelli), prefere Flávia (Valentina Herszage)

Comparação entre irmãos é um problema sério

A situação pode ficar ainda mais complicada se há uma comparação entre irmãos - como é o caso de Ingrid, que por muito tempo vê sua mãe tratar Flávia (Valentina Herszage) como "a filha que nunca teve". "Se um dos filhos corresponde à projeção dos pais ou dos adultos, dá a impressão de que ele é o certo e os outros seriam errados. [...] Nossa mente fica comparando, mas é importante aceitar as diferenças e entender as habilidades de cada um", afirma Haffner.

Os filhos que seriam "errados" podem conviver com culpa e uma constante vontade de se sentir pertencente. Porém, em muitos casos, a pessoa não fez nada de errado - apenas não é aceito por ser quem é. E isso pode variar nos mais diversos aspectos, seja no estilo pessoal ou até mesmo na orientação sexual.

É normal sentir raiva nesses casos

Como resultado da constante comparação, muitas vezes a criança ou o adolescente pode reagir com raiva e sentir culpa por ter esse sentimento não leva a nenhum lugar. O importante é entender a origem da emoção e aprender formas de lidar com ela. "Quando a pessoa é cortada, ela pode começar a ser mais rebelde. Ter uma atitude de conflito - não só de discordar, porque isso é importante - mas de querer atacar e diminuir o outro", explica a psicóloga.

Isso também acontece em "Quanto Mais Vida Melhor", quando Ingrid ameça deixar a casa e, Flávia, sem entender muito bem a origem daquela revolta, desafia a filha a ir embora. Acaba que, se não analisarmos nossos sentimentos, eles irão explodir de outra forma - a raiva é uma delas. Por isso, é importante aceitar e entender que, se você não corresponde a perspectiva de outra pessoa, o problema é apenas dela.

Como superar essas feridas?

Pela dependência emocional e financeira que tantas crianças e adolescentes ainda têm de seus pais, mães ou figuras responsáveis, é bem complicado quebrar esse ciclo nocivo - principalmente quando o filho não se sente ouvido ou valorizado pela família. "É muito difícil dizer para uma pessoa que está se sentindo preterida a não deixar isso afetá-la. Porque, dependendo das circunstâncias, ela só quer se sentir aceito. A criança ou adolescente não consegue olhar de outra forma, com outra perspectiva", afirma Adriana.

Nesse caso, a profissional aconselha ajuda terapêutica, justamente para entender alguns padrões de pensamentos e quebrar noções ruins sobre si mesmo que a pessoa pode ter criado depois de ser constantemente comparada. Só que - mais uma vez - se os pais não notarem a importância de um psicólogo, dificilmente ajudará o filho nesse processo.

No mundo ideal, pais e filhos construiriam uma relação aberta, em que o diálogo pode acontecer de forma natural. Se esse é o seu caso, vale ter uma conversa com essas pessoas - sem raiva ou ataques, apenas expor o sentimento e como isso afeta. Muitas vezes, os adultos não fazem com a intenção de machucar e podem achar até mesmo que, com as comparações e expectativas, estão incentivando o filho a ser melhor.

Porém, caso não haja esse espaço e nem a possibilidade de contar com terapia - que, de longe, é o passo mais importante para superar essas dores - é importante ter um grupo de apoio. Seja de amigos, primos, tios... Poder desabafar e se sentir aceito é essencial para entendermos que não precisamos mudar nossa essência, se ela não machuca ou fere ninguém.

Caso você precise conversar, os voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV) também estão à disposição pelo site ou pelo telefone 188. Você pode falar sobre o que quiser, com anonimato e privacidade garantido!

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