Por Thais Marques
Os indígenas estão no Brasil desde antes do "descobrimento" do país e uma de suas principais lutas hoje em dia é pelo reconhecimento de seu território, o que já mostra muito sobre a invisibilidade que foi dada a esse grupo. Por isso, todos os brasileiros devem se dedicar mais a entender quais são suas pautas e desconstruir preconceitos. Conheça alguns comunicadores para seguir e se engajar desde agora.

Já reparou que estudamos pouquíssimo sobre os povos indígenas? Na escola, eles passam despercebidos como figuras que muitas vezes são colocadas como "selvagens" e até pouco intelectuais. Com o passar do tempo, vamos nos afastando ainda mais do assunto e esquecemos que foram eles os primeiros habitantes do país. Mesmo assim, ainda precisam pedir pela demarcação de suas terras, constantemente ameaçadas por grupos violentos que muitas vezes causam o desmatamento de reservas ambientais.

Desmatamento e queimadas ~ | 🐾 Pets Em Geral 🐾 Amino

As reinvindicações dos povos indígenas são todas urgentes, não podemos mais fechar os olhos! O governo atual não tem contribuído e normalmente aponta os próprios indígenas como responsáveis das ações que os afetam. Além disso, o Ministério do Meio Ambiente, a comando de Ricardo Salles, não é visto como um aliado. Quem não lembra de sua declaração sobre "passar a boiada", feita durante a reunião ministerial divulgada a público no ano passado? Para o Ministro, era tempo de aproveitar o foco da mídia na pandemia do novo Coronavírus para fazer mudanças em leis de proteção ambiental e ligadas à área de agricultura.

Salles diz que

O garimpo, a exploração gerada pelo agronegócio, a grilagem - apropriação de terras ilegalmente - e várias outras atividades de setores muito poderosos ameaçam a segurança das famílias indígenas e ainda colocam em risco os animais e nossa flora. E não só isso! Os indígenas são tirados da mídia, não são reconhecidos na educação e também não ocupam cargos políticos. Você pode começar a mudar isso pelo conhecimento e nada melhor do que aprender com quem vive na pele, né? Por isso, conheça os comunicadores indígenas que, mesmo não tendo a obrigação, produzem vários conteúdos para nos ensinar sobre sua história e luta.

1. Alice Pataxó

Alice é do povo Pataxó e mora no estado da Bahia. Ela viveu na Aldeia Craveiro, em Porto Seguro, e sofre constantes ataques por não ter os traços que normalmente são imaginados para uma pessoa indígena. Essa, inclusive, já é uma lição para ter em mente. A jovem é estudante de Humanidades, na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), e se apresenta como ativista, palestrante e comunicadora indígena. Ela também contribui com o Projeto #Colabora, que produz jornalismo independente sobre sustentabilidade, e tem um canal no Youtube chamado Nuhé. Lá, ela desenvolve a série "Literatura Indígena nas Mãos", na qual conta sobre referências literárias indígenas.

2. Tukumã Pataxó

O estudante de Gastronomia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) ganhou visibilidade na internet depois de fazer um post dizendo que ninguém deixava de ser indígena por usar roupas "normais". Tukumã se sentiu incentivado e hoje conta com mais de 100 mil seguidores. Juntando sua área com a história do seu povo, o jovem fala sobre a culinária indígena, além de abordar assuntos gerais. O TikTok tem sido uma rede social muito usada também, na qual apresenta de forma leve os temas que deseja explorar. Tukumã ainda produz conteúdo para o Mídia Ninja, é diretor de comunicação na Associação de Jovens Indígenas Pataxó (AJIP) e mantém um canal no Youtube.

3. Alecrim Baiano

O perfil Alecrim Baiano fala sobre gastronomia anticolonial e cozinha consciente, com receitas, dicas e opiniões dadas por uma mulher indígena, a Deborah Martins. Ela explica, em um de seus posts, o intuito do projeto: "(...) meu povo esteve aqui muito antes disso e é na cozinha que eu pretendo mostrar quão orgulhosa eu sou de ser uma mulher indígena urbana em resgate". Apesar de não ser vegana, nem vegetariana, Deborah apresenta várias receitas acessíveis sem nada de origem animal, mas também mostra como ser carnívore de maneira sustentável. Mesmo consumindo alimentos não veganos, os indígenas contribuem há séculos para o meio ambiente e o respeito aos animais. Que tal aprender um pouco com eles?

4. Kaê Guajajara

A cantora e compositora nasceu em Mirinzal, no Maranhão, uma terra indígena não demarcada. Por conta das violências sofridas pelas comunidade e outras questões, ela se mudou para o Rio de Janeiro, onde teve contato com projetos que a aproximaram da arte e da música. Kaê fundou o grupo de rap Crônicos, que fazia denúncias sobre a represálias vividas pelos povos indígenas. Já em carreira solo, ela decidiu contar sobre suas experiências como mulher indígena no contexto urbano e hoje compartilha seu trabalho nas redes sociais.

5. Célia Xakriabá

Mais que uma comunicadora, Célia é ativista influente da reestruturação do sistema educacional para os povos indígenas, além de apoiar a luta de mulheres e jovens da comunidade. Ela é graduada em Formação Intercultural para Educadores Indígenas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem mestrado em Desenvolvimento Sustentável e agora cursa doutorado em Antropologia. Ainda jovem, aos 25 anos, ela passou a integrar a Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais e permaneceu no posto até 2017. Vale a pena conhecer o que ela tem a dizer!

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