Bolsonaro faz discurso controverso na ONU e separamos algumas incoerências
Publicado em 22 de setembro de 2020 às 20:21
Por Larissa Barros
Na manhã desta terça-feira (22), o presidente Bolsonaro fez um discurso para a Assembleia Geral da ONU durante pouco mais de 14 minutos. Nesse curto período, ele conseguiu causar comoção nos meios de comunicação ao falar sobre as queimadas na Amazônia e Pantanal, COVID-19, vazamento de óleo no Nordeste e mais. Algumas falas do Chefe de Estado não condizem com a realidade e resolvemos conversar sobre elas.
Bolsonaro faz discurso controverso na ONU e apontamos incoerências Bolsonaro faz discurso controverso na ONU e apontamos incoerências© Getty Images
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O atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, abriu a Assembleia Geral da ONU na manhã desta terça-feira (22) fazendo um discurso sobre vários assuntos, como as queimadas na Amazônia e no Pantanal, Coronavírus, auxílio emergencial e mais. Ele também voltou a criticar a Venezuela, acusando um navio do país de ser o responsável pelo derramamento de óleo no litoral brasileiro no ano passado, sem provas.

O Purebreak analisou o discurso de Bolsonaro e resolveu apontar algumas falas um tanto incoerentes.

Pantanal e Amazônia

Quando o presidente fala sobre sermos "líderes em preservação de florestas tropicais", devemos lembrar que, somente este ano, foram emitidos alertas sobre desmatamento na Amazônia para mais de 400km². O Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real, chegou a apontar o terceiro maior alerta de desmate para abril dos últimos cinco anos.

Em certo momento do discurso, Bolsonaro fala: "Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas". Esse trecho dá a entender que os responsáveis pelas queimadas são os nativos, mesmo que os suspeitos de terem começado o incêndio tenham sido os grandes fazendeiros.

COVID-19

Quando o assunto chegou na COVID-19, Bolsonaro lamentou as mortes e logo em seguida assumiu a postura que tem desde o início da pandemia de que precisamos tratar tanto o vírus, quanto a economia, com cautela.

O Brasil se tornou o segundo país com mais mortes em todo o mundo, com mais de 137 mil mortos, atrás somente dos Estados Unidos mas, mesmo assim, Bolsonaro decide falar sobre como a imprensa "politizou o vírus": "Como aconteceu em grande parte do mundo, parcela da imprensa brasileira também politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população. Sob o lema 'Fique em casa' e 'A economia a gente vê depois', quase trouxeram o caos social ao país".

Religião

Sobre religião, Bolsonaro falou sobre "cristofobia" - termo que se tornou comum entre os defensores da ideologia conservadora - dizendo: "A liberdade é o bem maior da humanidade. Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia".

No Brasil, o maior número de casos de intolerância acontece com religiões de matriz africana, somando mais de 59% das reclamações. A tática do presidente faz sentido. Afinal, o tom religioso de seu discurso está alinhado com o segmento fundamental de sua base eleitoral: a dos cristãos conservadores.

Relações exteriores

Seguindo a sua linha de falas afiadas, Bolsonaro acusou a Venezuela, sem provas, de ser responsável pelo derramamento de óleo que atingiu grande parte do Nordeste em 2019. Ele já havia falado sobre o assunto durante uma live no Facebook e disse com todas as palavras: "está mais do que comprovado que (o óleo) é da Venezuela", mesmo que não tenha indícios reais de que isso seja verdade.

Seguindo o tema de relações exteriores, Bolsonaro elogiou o polêmico Donald Trump, presidente dos Estados Unidos: "O Brasil saúda também o Plano de Paz e Prosperidade lançado pelo Presidente Donald Trump, com uma visão promissora para, após mais de sete décadas de esforços, retomar o caminho da tão desejada solução do conflito israelense-palestino".

Auxílio emergencial

"Nosso governo, de forma arrojada, implementou várias medidas econômicas que evitaram o mal maior. Concedeu auxílio emergencial em parcelas que somam aproximadamente 1000 dólares para 65 milhões de pessoas, o maior programa de assistência aos mais pobres no Brasil e talvez um dos maiores do mundo", afirmou o presidente.

Só conseguimos pensar que cinco parcelas de R$600 e quatro de R$300 não chegam nem perto de 1000 dólares, já que a moeda americana está valendo aproximadamente R$5,40 (valor arredondado para menos na data desta terça [22]). Se seguirmos a lógica de Bolsonaro, o total que a maioria dos brasileiros deveria receber de todas as parcelas do auxílio emergencial seria algo próximo de R$5.400 e não os R$4.200 que originalmente tiveram direito.

O Twitter não fala de outra coisa senão o discurso do presidente e existem inúmeras threads apontando as falas mentirosas, com argumentos e provas. É claro que existem aqueles que acreditam cegamente no que Bolsonaro diz e, a eles, só resta pesquisar os fatos.

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