Larissa Barros Redatora
A louca do K-Pop e música em geral, adoro saber tudo de novo que surge no mundo, de teorias da conspiração até o último modelo de celular. Aquariana raiz, adoro tudo que é diferentão e não faço nada sem uma trilha sonora para acompanhar.
A transição capilar já não é mais um assunto desconhecido, a maioria das mulheres sabe que se trata de assumir seu cabelo verdadeiro. Mas passar por essa mudança não é apenas uma questão estética. Para algumas pessoas, é tão importante que muitas descobrem sua identidade - e até mesmo sua etnia! -por causa dela.

Você já parou para pensar no quanto seu cabelo interfere na sua vida e no seu comportamento? Pois para algumas mulheres o assunto muito sério e não se trata apenas de estética ou de tentar se encaixar num padrão estabelecido pela sociedade, ele pode se tratar de uma forma de se comunicar, representar nossa personalidade e como queremos que a sociedade nos veja. É sobre isso que vamos falar na ação #ConscienciaNegraPRBK.

A transição capilar é um procedimento que se tornou muito comum, mas que pode significar muito mais do que a gente imagina e fazer com que mulheres voltem a ter sua autoestima elevada e se redescobrirem. Se você não sabe do que se trata, a gente explica. O termo é o nome dado ao processo em que alguém tira toda e qualquer química dos cabelos até ficar com ele todo natural. Mas se engana quem pensa que é apenas uma mudança estética, ela serve como uma forma de aceitação e descobrimento pessoal.

Passar por esse processo causa na maioria das mulheres uma mudança externa, mas a interna é bem mais importante e pode representar bem mais do que esperamos. Boa parte delas se redescobre como mulher negra e foi sobre isso que falamos com a Pamela Machado, que passou por todas as fases da transição capilar e contou pra gente a importância de tudo.

A decisão

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Pamela conta que no começo preferia alisar o cabelo e perder três ou quatro horas fazendo chapinha de uma vez do que perder tempo todos os dias ajeitando o cabelo. Ela confessou que se achava excluída por ter cachos: "Desde criança eu via minhas amigas mexendo nos cabelos umas das outras e ficava triste por não fazerem no meu também. Eu sempre fui a que fazia cafuné nos outros, mas raramente recebia de volta. As pessoas não sabem acarinhar um cabelo crespo". E continuou: "Quando brincávamos de salão de beleza, eu sempre era a cabeleireira porque no cabelo dela ninguém mexia [...] Quando criança, às vezes tinham aqueles surtos de piolho na escola. As pessoas sempre alardeavam quem não tinha cabelo liso".

Em 2012, ela decidiu começar a transição e parar de usar química: "Foram 8 meses sem química, fazendo texturização com papel higiênico, até que em novembro, num ato de desespero, peguei uma tesoura e cortei boa parte do liso no banheiro de casa e sem nenhuma técnica". Pamela contou que se deixar "feia" foi uma forma que arranjou para não postergar mais seu big chop.

Apoio dos amigos e família

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"Eu tinha entrado na Universidade em 2013. Foi importantíssimo para eu começar a ter referências negras. Alguns amigos mais próximos já sabiam que eu queria entrar em transição ainda no fim de 2013, eles me deram muito apoio. Quando comecei o processo, minha família também foi ótima, me mandavam fotos de mulheres crespas e cacheadas, viam produtos especializados, lembravam de mim e me indicavam".

Até os professores dela foram essenciais na mudança: "Até algumas professoras da faculdade. O primeiro dia que fui à aula com o cabelo texturizado, elas vieram elogiar". Ela conta como foi a mudança: "Mudei muito. Eu sempre digo que a possibilidade de se descobrir negra é um privilégio. Eu, como tenho a pele clara, tive esse privilégio."

Preconceito nada escondido

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Também existe a questão do racismo, que se esconde e pode aparecer de várias formas, até mesmo na pressão para termos um cabelo "comum" e a Pamela falou como percebeu que também era uma vítima: "Por conta do processo capilar, eu comecei a estudar sobre cabelos cacheados e crespos. Consequentemente, li materiais sobre negritude também e assim fui entendendo vários dos processos racistas pelo qual passei durante a vida toda".

Pamela também revela uma triste realidade que vê acontecendo com as mulheres: "Com certeza tem gente que posterga a transição pra se prevenir do racismo. Parece auto sabotagem, mas eu entendo como preservação e autocuidado".

Sinta-se livre para ser o que quiser

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Vale deixar claro que não é necessário você mudar seu cabelo para se identificar como alguma coisa, seja você mesma em qualquer situação! Segue o conselho da Pamela: "Eu não acho necessariamente que todo mundo deva passar pela transição. Eu acho que as pessoas precisam sentir a liberdade de ser quem quiserem, se apresentar da forma que lhe for mais conveniente. Se uma crespa quiser alisar porque se sente melhor assim, ok por mim. Eu desejo é que as meninas entendam que elas não precisam. Não é um dever, existem vários tipos de beleza".

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