Larissa Barros Redatora
A louca do K-Pop e música em geral, adoro saber tudo de novo que surge no mundo, de teorias da conspiração até o último modelo de celular. Aquariana raiz, adoro tudo que é diferentão e não faço nada sem uma trilha sonora para acompanhar.
O K-Pop se tornou um fenômeno mundial de uns anos pra cá e não é a toa. O talento dos idols tanto para dança quando para cantar deixou o público, que está acostumado com quem faz só um ou outro, encantado. Como todo gênero musical "novo", este também usa referências de outros já existentes. A cultura de rua negra é uma clara inspiração e precisamos falar sobre isso.

O K-Pop é o gênero musical mais popular atualmente. Neste segmento, nomes como BTS e Blackpink são muito famosos e influentes para crianças, adolescentes, jovens e adultos do mundo todo. O estilo sul-coreano é relativamente novo, não tem nem 50 anos de existência e é claro que ele é uma união de outros estilos, como o rap e hip hop americanos, além de influências locais do país asiático.

O hip-hop é um dos cinco elementos que constituem o rap e surgiu por volta dos anos 70, em Nova York, com a junção de culturas de comunidades latinas, afro americanas e jamaicanas. Voltando lá nos anos 90, onde o K-Pop começou a se tornar o que conhecemos hoje, o grupo mais famoso era Seo Taiji and Boys, formado por Seo Taiji, Lee Juno e Yang Hyun-Suk, dono da YG, uma das maiores empresas da indústria musical sul-coreana atualmente, alguns de seus grupos são o Blackpink, iKon, Big Bang, Winner e mais.

Na época, o trio era o mais famoso e em qualquer apresentação, é possível ver as claras influências do rap, tanto no estilo musical quanto na forma de se vestir e se comportar no palco. Nessa apresentação de "Come Back Home", é impossível não notar as influências do street style negro:

Polêmicas e apropriação cultural

É claro que essa influência nem sempre é usada com cautela e respeito, alguns grupos e idols acabam utilizando de apropriação cultural sem nem mesmo perceber, o que gera uma repercussão negativa. A Lisa do Blackpink foi uma idol que recentemente pediu desculpas por ter utilizado tranças no vídeo performance do single "Money", um fã a alertou durante um fan meeting e ela resolveu pedir desculpas.

Quem conhece K-Pop, sabe que Lisa não é nem de longe a primeira a ser acusada de apropriação cultural pelo uso de tranças, idols de diversos grupos foram acusados da prática e a maioria pediu desculpas, mas isso só mostra como a Coreia do Sul não aborda problemas como o racismo que conhecemos. WinWin e Taeyong, do NCT, o rapper solo Jay Park, o grupo ATEEZ e mais também foram alvos de críticas por esse mesmo problema.

O país asiático começou a se tornar um ponto de turismo recorrente após o boom da onda Hallyu, então os sul-coreanos não estão acostumados a ver pessoas de pele escura ou até mesmo falar sobre racismo e entendê-lo de fato. O colorismo, onde indivíduos da mesma raça têm preconceito com pessoas de tons mais escuros, é algo comum no país, por isso vemos idols banhados no famoso "white wash", prática em que fotos são editadas para fazer parecer que eles são mais brancos.

Voltando a influência da cultura de rua negra no K-Pop, vemos que a Coreia ainda está caminhando lentamente na direção de um país mais aberto a novas culturas e raças. Em 2017, o famoso canal do YouTube Asian Boss, fez várias entrevistas com jovens sul-coreanos falando sobre a inserção de pessoas negras na comunidade do país e o que elas achavam daquilo.

No vídeo, é comum ver respostas que mostram a visão de que muitos sul-coreanos relacionam pessoas negras à pobreza, trabalhos pesados, sujeira ou até mesmo crime:

Isso não é surpresa, já que o "diferente" sempre causa um impacto maior em sociedades, principalmente nos países asiáticos, em que a maior parte da população é local.

Racismo na Coreia

A Coreia do Sul abriu suas portas para estrangeiros por causa da onda Hallyu e também porque é positivo para sua economia, mas é comum ver estabelecimentos que não aceitam a entrada de pessoas que não falam coreano ou proibições específicas baseadas na cor da pele. No drama "Itaewon Class" é mostrado um exemplo - infelizmente - comum nas boates, Toni (Chris Lyon) é impedido de entrar por ser negro, mesmo falando coreano fluente.

Coreia caminha para uma sociedade mais aberta a pessoas de outras raças

Pode parecer um cenário sem salvação, mas a Coreia, mesmo que em passos de formiga, está caminhando para uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com outras culturas e cores. Hoje nós vemos mais discussões sobre o assunto, como em "Itaewon Class", em programas de entretenimento e até mesmo por parte de idols.

De uns anos para cá, vemos grupos mistos, como o BLACKSAWN, onde Fatou, uma idol negra, mostra todo seu poder e beleza. Também vemos modelos negros ganhando mais espaço, como Han Hyun-min.

Os idols e a indústria musical sul-coreana devem muito ao hip-hop, rap e suas vertentes, pois sem eles não existira metade dos grupos de K-Pop de hoje como conhecemos. A divisão entre vocal line e rap line é apenas um exemplo dessas influências e os integrantes mais populares costumam ser da segunda.

Confira alguns MVs que mostram essa mistura do pop, elementos coreanos e hip-hop:

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