Por Izabella Ravizzini
Nesta quarta-feira (28) é comemorado o Dia da Educação. Para além de falar da importância de uma educação de qualidade, precisamos pensar no quanto a desigualdade social ainda afeta os estudantes. Pesquisas mostram que o acesso universal à educação ainda não é uma realidade no Brasil - um problema que o país enfrenta há muito tempo. Já passou da hora deste quadro mudar, né? Vamos conversar sobre isso.

Você sabia que em 28 de abril é o Dia da Educação? A data é comemorada neste dia por causa do Fórum Mundial da Educação que aconteceu em 2000, no Senegal. No Fórum, 164 países - incluindo o Brasil - firmaram o compromisso de levar a educação básica para todos os jovens e crianças do mundo até 2030. Vinte e um anos depois, nós sabemos bem que o acesso igualitário à educação ainda não é uma realidade em boa parte do mundo, nem no Brasil. Se você é estudante, sabe que em tempos de pandemia, quando a forma de se estudar mudou completamente, essa situação ficou ainda mais complicada.

No nosso país, 11 milhões de pessoas ainda não são alfabetizadas, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2019. Esse número corresponde à 6,6% da população. A desigualdade fica evidente quando olhamos para questões raciais e sociais. Mais da metade dos brasileiros não alfabetizados são moradores da região Nordeste - 56,2%. Entre pretos e pardos, a taxa de analfabetismo fica em 8,9%, enquanto a taxa para pessoas brancas é de 3,6%.

Os números não são à toa. Com o investimento na educação pública caindo, áreas distantes de centros urbanos sofrem com a falta de escolas, e as poucas instituições que já existem tem recursos precários. E não é só isso: a falta de políticas públicas que apoiem famílias que precisam está diretamete ligada ao abandono escolar. Os dados da PNAD mostram que 14,1% dos jovens de 15 anos - idade que, geralmente, se inicia o ensino médio - deixaram de estudar. Por que? 39,1% destes adolescentes disseram que a necessidade de trabalhar e ajudar a família em casa foi a maior motivação para deixar a escola. E, mais uma vez, a questão racial acentua a desigualdade. Dos jovens que não completaram a educação básica, 71,7% são pretos e 27,3% são brancos.

No ano de 2020, durante a pandemia da Covid-19, mais um agravante piorou a desigualdade na educação: a falta de acesso à internet. A pesquisa da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) apontou que 78,6% das secretarias municipais entrevistadas - mais de 3 mil espalhadas pelo Brasil - encontrou um grau alto de dificuldade de acesso à internet entre os alunos.

Não é segredo para ninguém: a educação muda completamente uma sociedade. Com maior acesso à escolas e universidades, as pessoas iniciam carreiras, se especializam e crescem economica e socialmente. Se somente uma parcela privilegiada da população tem essa oportunidade, as desigualdades sociais não só se perpetuam, como aumentam. Neste Dia da Educação, é nosso papel exigir mais investimentos no ensino público e de qualidade, para que todos tenham acesso à educação igualmente. Na verdade, é o nosso papel todos os dias.

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